sexta-feira, 13 de julho de 2007

COMEÇAR UM LIVRO NOVO!!!!


A emoção de começar a leitura de um livro novo é imensa! Sabe aquele livro que você estava doido pra ler, comprou, pegou na biblioteca ou conseguiu emprestado? E agora, você está com ele na mão, a ponto de abrí-lo para começar a leitura? Sabe?!


Eu nunca vou direto à leitura! Não! Primeiro exploro o material, para me cercar de todos os elementos que possam aumentar o meu prazer de ler aquele livro! Sinopse de alguém que já leu a obra - e privilégio dos privilégios, tem o compromisso de apresentá-la para os outros leitores. Críticas publicadas em revistas e jornais (isso é muito comum quando o livro é tradução!). Informações sobre o autor, sua vida literária, outras obras de sua autoria, sucessos e fracassos... Vou tateando o livro com um certo nervosismo, que engraçado! Não quero perder uma informação sequer, não quero antecipar nada, não quero que fique faltando nenhum dado necessário para aumentar o prazer de ler. Por isso, leio até a ficha catalográfica do livro, e sinto bastante curiosidade em ver as palavras-chaves que usam para enquadrar uma obra, do tipo: lietratura brasileira, romance, infanto-juvenil... Só essas palavras já evocam o compromisso de apresentar uma obra digna de ter como epíteto, essas palavras! Portanto, deveria ser crime iludir o leitor!!!!

Mas tem propaganda enganosa pra tudo, porque não teria para uma obra literária? Às vezes o professor oferece aos alunos (quase sempre sem que eles tenham pedido) sua leitura (privilegiada) do texto (principalmente porque é anterior à dos alunos!), e quando o aluno vai ler, movido pela idéia "lida" do professor, lê-se outra coisa, distinta!

terça-feira, 10 de julho de 2007

OLHAR A CAPA


1. Quando você estiver examinando livros, em um stand de feira de livro, em uma prateleira da biblioteca, em uma livraria, deixe o olhar correr livremente, até encontrar, nas capas que você olha, algo que lhe atraia, que lhe agrade, seja por alguma palavra do título, seja pela ilustração da capa, seja pela força das cores que compõem este material
2. Leia o que está escrito na 4ª capa do livro. É bom? Esta sinopse (ou esta apresentação do livro) consegue ainda manter seu interesse no livro?
3. Leia as orelhas do livro, se for o caso. Quem assina estes textos? Alguém conhecido? Confiável?
4. Se o autor não é seu conhecido, o que você faz? O livro traz informações sobre o autor, na capa? Ou talvez, na última página, ou na orelha da direita (lugar mais comum)?
5. Veja se o livro possui um sumário. Leia-o rapidamente. É interessante? Desperta ainda mais o seu desejo de lê-lo?
6. Então, prossiga, vá adiante... provavelmente este livro vai lhe interessar de verdade.
Pesquisa: O que costuma atrair mais a sua atenção na capa de um livro?
IR ALÉM DA CAPA

Normalmente esse é o primeiro convite que um livro faz ao leitor: pegue-me, leia-me! Parece que a capa, convidando-o, diz isso. Mas o que uma capa precisa ter para atrair o leitor? Uma imagem impactante? Exclusiva? Aberta o suficiente para trazer contida em si toda uma possibilidade de história, que o futuro leitor pode então antever? Faz menção a uma temática interessante? Tem um formato que por si só já atrai o olhar? Tem texturas que convidam a passar a mão e sentir com os dedos? Tem cores vibrantes? A tipologia do título é também um desenho e precisa estar em harmonia com todos os elementos que compõem uma capa...
Há informações da história na capa que está atrás, que a gente chama de 4ª capa? Essa informação, que quase sempre é a sinopse do livro mantém o interesse despertado pelo título, amplia-o ou faz arrefecer a chama que já estava acesa?
Se o livro é para seu deleite pessoal, ótimo. Se é para indicar para seus alunos, o compromisso é ainda maior! Neste caso o seu olhar deve conter todos os outros olhares que olharão através do seu. Então, esse olhar mais elástico, mais flexível, mais abrangente, saberá rapidamente que leitores serão atingidos por aquele livro.
Por tudo isso, nada no exercício da seleção de uma obra pode ser gratuito. Uma obra mal escolhida pode nos fazer perder o leitor pra sempre! No mínimo, da próxima vez, o livro indicado vai ter que encantar ainda muito mais, sob pena do professor ficar desacreditado, pelo seu aluno-leitor, para sempre!

OZ, Amós. De repente, nas profundezas do bosque. Trad. de Tova Sender. São Paulo, Cia. das Letras, 2007. 141 p. R$ 31,00


VER PARA CRER

Este pequeno livro não é para ser lido uma só vez... Para realmente subirmos a montanha e descobrirmos o que acontece além dos muros de pedra, é necessária a coragem dos que não suportam mais a mesmice e vão de encontro ao desconhecido, mesmo sabendo que para isso terão que romper com o estabelecido.
Em uma indeterminada aldeia, duas crianças, Mati e Maia, são os únicos inconformados com o estado das coisas. Numa noite fatídica, muito antes do nascimento deles, todos os animais do lugar desapareceram: peixes, gatos, cachorros, carneiros, moscas, cupins, absolutamente tudo. Os adultos não foram atrás de uma explicação plausível, e passaram a aceitar a hipótese de que Nehi, o demônio da montanha, engoliu tudo, estendendo seu manto escuro, que envolve e aprisiona toda criatura viva, levando-as para o seu palácio assombrado além dos últimos bosques . Desde então a noite é proibida para os moradores daquele lugar, que se fecham em suas casas, para se defenderem do que acontece do lado de fora.
Mas além da aceitação passiva dos moradores da aldeia, eles também evitam tocar no assunto, com os que vieram depois. Na escola, a professora Emanuela tenta mostrar para as crianças como eram os animais, mas elas parecem não acreditar muito.
E essas mesmas crianças que exigem provas para acreditarem no passado, também são cruéis e zombeteiras, impiedosas mesmo com quem não se enquadra nos padrões de comportamento vigente naquele lugar. Por isso, tudo o que rompe com esse padrão acaba caindo mesmo na esfera da patologia, do animalesco, empurrando o ser em direção à natureza e forçando-o para fora do território da aldeia. O bosque, que está na fronteira é que guarda as respostas e os seres rejeitados... Maia e Mati vão lá, ver com os próprios olhos...

Amós Oz tem um escrita enxuta. Mas usa um recurso curioso: repete nos capítulos seguintes coisas que já tinham sido ditas anteriormente... e repete mais de uma vez... e mais uma vez ele conta o que já havia contado, e vai ampliando pouco a pouco, criando uma atmosfera que pode beirar à angústia. Não há travessão na sua escrita, as falas do discurso direto estão incorporadas ao texto, fazendo então, parecer que tudo provém do narrador... é a sensação de que o personagem fala porque a voz do narrador está ali e o conta!

Os 33 pequenos capítulos do livro - número que já traz embutido uma aura mágica (3 é o número do mistério, representa fé, esperança e caridade, 3 é trindade!) - são extremamente potentes e injetam, dosam, refream, exacerbam a curiosidade do leitor, com a naturalidade da brisa que passa, um pouco rápida, mas intermitente! Não há uma ilustração que ajude a concretizar a visão triste e cinza daquele lugar, exceto a pequena árvore que, à guisa de vinheta, fecha cada capítulo.
O autor é apontado como o principal escritor israelense da atualidade. É professor universitário , vive em Israel , tem 18 livros publicados e já está traduzido para 30 idiomas. É co-fundador do movimento pacifista israelita Peace Now e, com sua obra, já recebeu alguns importantes prêmios, como o Prémio de Frankfurt pela Paz (1992), o prêmio Israel de Lieteratura (1992), uma indicação para o Nobel de Literatura (2002), o Prêmio Internacional Catalunya (2004) e o Prêmio Príncipe das Astúrias (2007).
O livro pode agradar ao leitor jovem, se for bem apresentado por um mediador de leitura!

segunda-feira, 9 de julho de 2007



José, Elias. Ciranda brasileira. São Paulo, Paulus, 2006. 64 p. R$ 25,00

FESTA DA POESIA

Ciranda é brincadeira de roda! Mãos dadas no exercício democrático do brincar! É ainda música e dança coletiva. É também essa congregação das diferenças, das peculiaridades, das curiosidades, exatamente como é o Brasil.
Neste livro o país é retratado duplamente pelo viés da cultura popular: a linguagem e a imagem; a poesia e a xilogravura! O escritor Elias José, sempre atento às marcas da brasilidade, faz o processo inverso: escolhe primeiro as imagens – as xilogravuras de J. Borges, e a partir delas, cria a poesia. São 21 poemas, com ar de literatura de cordel. Os textos são simples, com muita musicalidade e desfiam a mistura brasileira através dos personagens populares (como Lampião), dos tipos regionais (como o nordestino castigado pela seca), das crenças populares (como a visita da cegonha), dos desfiles carnavalescos (como o Maracatu), dos folguedos (como o Bumba-meu-boi), dos animais provocadores do humor no imaginário popular (como o macaco), das atividades coletivas (como a quebra do milho) e de outros pequenos segredos cotidianos.
As xilogravuras coloridas de J. Borges, saídas de vários de seus livros de cordel, encantam e brincam com o olhar do leitor! As repetições dos motivos, as expressões dos personagens, as cores e detalhes criam uma atmosfera de festa pública e o desejo de participação nesta grande ciranda.
Ao final do livro – que vai se formando como os pedacinhos de uma colcha de retalho ou de um mosaico, para deixar ver o todo -, fica a constatação de que a leitura da poesia exige também um leitor brincante, disposto a ler em voz alta, ávido por usar a teatralidade dos temas e das palavras, para provocar ritmo, compassos, música. Porque poesia é mesmo para ser sentida, de alguma forma! E poesia popular parece que pede encenação, corpo e alma!

LEITURA COMPLEMENTAR: JOSÉ, Elias. A poesia pede passagem. São Paulo, Paulus, 2003. BORDINI, Maria da Glória. Poesia infantil. São Paulo, Ática, 1986.

Por que você deve ler este livro, professor?

Para estar cada vez mais em contato com a diversidade cultural brasileira; para afiar mais o olhar e perceber a poesia no dia a dia; para se emocionar, se divertir, ficar encantado com as manifestações folclóricas desse imenso país; para perceber que a poesia é também um gostoso jogo de palavras, escolhidas com precisão para dizer muito com pouco; para se familiarizar com a linguagem visual da xilogravura, se aproximar da literatura de cordel, se encantar com a incomum colorização das imagens, em técnica descoberta pelo artesão.

* Celso Sisto é escritor, ilustrador, contador de histórias do grupo Morandubetá (RJ), ator, arte-educador, especialista em literatura infantil e juvenil, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e responsável pela formação de inúmeros grupos de contadores de histórias espalhados pelo país.

sábado, 7 de julho de 2007

O PORQUÊ DO NOME

Belerofonte é um herói grego. Depois de domesticar o cavalo alado Pégaso, derrotar a Quimera e as Amazonas, tentar chegar voando até o Olimpo, é derrotado por uma picada de vespa, que desgoverna e derruba seu cavalo, e o mata. Mas Zeus finalmente permite que o herói fique no céu, em forma de constelação.
Figurar neste Olimpo que está no céu, em forma de estrela é o que pretendemos para os livros aqui resenhados. Por acreditar que cada uma dessas obras possui qualidades que as diferencia e destaca, é que asseguramos, para elas, um lugar no Olimpo das obras de literatura infantil e juvenil, neste vasto Céu de Belerofonte.
Nosso blog terá a seguinte sub-divisão:

ASAS DA QUIMERA, para os livros infantis




RIO DAS AMAZONAS, para os livros juvenis



VESPA FLAMEJANTE, para as sugestões de atividades com os livros de ficção




OLHAR DE PÉGASO, para textos relativos à seleção e escolha de obras literárias